Camadas de Escuta e Processo Empático
Ao perguntar a definição de empatia para pessoas de diferentes grupos e perfis, é provável que dez entre dez cabeças ofereçam a resposta mais comum: a capacidade de se colocar no lugar do outro.
Quantas vezes você já vivenciou - e se deu conta - como isso seja? Perceber a forma como o outro se encontra ou ver-se no lugar dele como você mesmo gostaria ou não de estar, por si só, pode estar mais perto de uma simpatia, do que empatia propriamente.

O sentido literal da palavra, traduzido do termo original alemão, significa “ser capaz de sentir junto”. Presente em nossa construção humana, hoje temos estudos que evidenciam a cooperação lado a lado com a competição durante a evolução humana e que nossa visão de egoísmo é simplista demais. O processo empático é algo que pode ser aprimorado, como aprender uma linguagem. Envolve desenvolver competências agregadas como, dentre outros fatores, não ser sequestrado por uma emoção dominante ou fixar-se num viés de leitura ‘mais adequado’ ao momento. A este último denomino empatia seletiva.
Há expressões diferentes conforme nossa habilidade de escuta. Assim como a capacidade de respondermos aos contextos, de acordo com nosso grau de envolvimento. Envolve nossos princípios éticos e morais também.
“A resposta emocional pode tomar a forma de ressonância e ser exaustiva ou pouco eficiente. Ou experimentamos uma emoção semelhante à da outra pessoa ou uma forma de lamento pelo outro, sem chegarmos a sentir o que aquela pessoa está sentindo realmente.”
Nossa capacidade de escuta, resume-se a 4 níveis basicamente:
A partir dos hábitos, projeto meus próprios slides e reconfirmo o que acho que já sei.
A partir de fatos, mantenho a mente aberta e não descarto o que recebo de diferente.
Na escuta empática, movimento a mente a partir dos olhos de outra pessoa e neste ponto acontecem as conexões emocional e cognitiva. A resposta emocional pode tomar a forma de ressonância e ser exaustiva ou pouco eficiente. Ou experimentamos uma emoção semelhante à da outra pessoa ou uma forma de lamento pelo outro, sem chegarmos a sentir o que aquela pessoa está sentindo realmente.
E por último, a escuta generativa ou compassiva é um passo adiante da empatia onde conseguimos manter um distanciamento, saindo do centro da situação e permitindo expandir compreensão, acolhimento e mudança.
Empatizar com semelhantes ou desconhecidos que não nos ameaçam, é natural. Mas e quando estamos diante de situações e pessoas incômodas, diferentes, opostas a nós? Em tal distinção, a região no cérebro onde se ativa a resposta à dor não é ativada. A capacidade de cooperar é anulada. Pode inclusive ter o efeito contrário a empatia: prazer com o sofrimento ou alguma perda da outra parte, diferente ou oposto.
Respondemos as situações conforme nossas avaliações morais e éticas. Se a cultura social influencia (des)qualificações, nosso constructo pode ser revisto, transformado e exercitado, dentro de valores fundamentais e essenciais comuns. Psicólogos mostram que quanto mais conectados aos outros, mais auto conexão sentimos. Os vínculos sociais são categorizados como necessidade básica. Isso nos remete a refletir como nos relacionamos com os outros e com o mundo pluralista, estabelecendo relações humanas benéficas a todos.